Quanto mais se subia mais se podia ver, o horizonte se prolongava e os empecilhos se tornavam menores. Antes eles eram maiores do que eu, depois eu que os vencia. Subir era doloroso e angustiante, a cada vez que se olha para cima parecia impossível, mas ao olhar para baixo as pequenas vitórias eram evidentes. A minha alma dizia “eu não vou conseguir”, mas meu espírito afirmava “eu chegarei lá encima”.
Querer desistir faz parte do trajeto, querer chegar ao fim também. Dores, arranhões, perdas e coração acelerado só demonstravam que é dura a caminhada. Se terrenos planos acalmam nossos pés, os tortuosos nos causam calos e arrancam nossas unhas. As pedras tornam o caminho mais seguro assim como machucam nossos pés e nossas mãos.
Quanto mais íngreme mais cansativo é, quanto mais angustiante… melhor é o que vira depois. Se a altura nos causa desconforto, o belo horizonte conquistado com perseverança nos remete a paz. A angustia passa com a firmeza do chão, o ofego com o descanso, as pernas doloridas sentando nas pedras.
Fazemos de tudo para não cair, mas com o tempo notamos que até os mais experientes caem e isso não é vergonha pra ninguém. Só basta levantar e continuar. Os tênis se vão, as roupas se rasgam, os galhos arranham a pele, mas podemos continuar mesmo assim. Nada disso é motivo para desistir.
Primeiro evitamos pisar na lama, depois a lama envolve nossos pés. Primeiro evitamos pisar no chão molhado, depois mergulhamos as pernas nas águas para dar alivio, elas não são inimigas, entre as dores encontramos o seu valor. A chuva incômoda no começo se torna abençoadora na descida, melhor é se molhar e sentir as gotículas que molham o corpo e distraem a longa caminhada.
Com sua conquista dizemos “valeu a pena”, todas as dores só valorizam o tamanho do troféu que guardamos em nossa mente, pois suportamos e perseveramos, vencemos a nós mesmos, não porque achamos que conseguiríamos ou éramos capazes, mas por não termos nos rendido durante a caminhada.
Lá encima unimos nossas mãos e oramos ao Senhor, Ele dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão. Melhor é confiar nele e perseverar.
Moisés Nogueira de Faria