Jonas, o profeta que conhecia a Deus, e Nínive

Jonas Nínive
Jonas Nínive

A palavra do Senhor veio a Jonas, filho de Amitai com esta ordem:  “Vá depressa à grande cidade de Nínive e pregue contra ela, porque a sua maldade subiu até a minha presença”.  Mas Jonas fugiu da presença do Senhor, dirigindo-se para Társis. Desceu à cidade de Jope, onde encontrou um navio que se destinava àquele porto. Depois de pagar a passagem, embarcou para Társis, para fugir do Senhor.  Jonas 1:1-3

Esta semana, tarde da noite, fui com minha família para comer um lanche. Como estava chuviscando, minha esposa sugeriu que comprássemos e comêssemos em casa. Fui com meu filho Samuel, e quando entramos na lanchonete, vimos uma senhora com roupas simples e aparência cansada comprando antes de nós. O que nos chamou a atenção foi a reação das atendentes; uma delas parecia desconfortável e mal conseguia falar conosco, apenas olhava para a cliente. Ela até comentou em voz baixa que a senhora era cliente frequente e provavelmente enfrentava problemas com drogas. Quando a senhora chegou ao caixa, ela disse: ‘Só tenho 2 reais’. Nossa! Conseguíamos imaginar o quanto as atendentes estavam cansadas naquela hora tardia. Foi então que um rapaz, que parecia ser o responsável pela loja, disse: ‘Pode levar’.

Compreendo perfeitamente o sentimento das atendentes. Quem já trabalhou no atendimento ao cliente sabe o que é estar cansado e exausto, e de repente lidar com uma situação como essa. É fácil dizer que não deveriam se incomodar, mas a realidade é outra.

Elas agiram dentro dos limites aceitáveis, mantendo o respeito, mesmo que por dentro estivessem frustradas. Às vezes, seguimos o protocolo não porque acreditamos nele, mas porque é o que a sociedade espera.

Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. Mateus 5:20

A justiça dos fariseus era assim, mas a justiça de Deus vai além disso. Esta história fala sobre a cidade de Nínive. Dizem que Ninrode a fundou, o mesmo que criou Babilônia e a Torre de Babel. Isso já mostra que, desde o começo, Nínive tinha problemas. A cidade tinha uma origem ruim, e seus habitantes eram cruéis. Faziam coisas terríveis, como fazer paredes de peles humanas e costurar animais nos ventres de mulheres. Tinham atitudes desonestas, eram arrogantes, impiedosos e sem escrúpulos. Chegaram ao ponto em que Deus decidiu que era o fim para eles. As pessoas desejavam que isso acontecesse, e as histórias sobre a maldade de Nínive se espalhavam. Eles haviam ultrapassado os limites do aceitável e do resgatável.

Então, nesse momento, Deus interveio, algo especial aconteceu. Isso é o que chamamos de ‘kairós,’ o momento de Deus. Ele decidiu entrar na história de Nínive. Para isso, escolheu o profeta Jonas, alguém que conhecia a bondade de Deus. O ponto alto deste livro é o conhecimento que Jonas tinha sobre a bondade de Deus e seu desejo de que essa bondade não alcançasse Nínive, porque ele sabia que, se o conhecimento de Deus chegasse lá, eles poderiam ser salvos. Deus queria resgatar pessoas que estavam na escuridão e no pecado. Assim, Deus interveio, levando Seu conhecimento a Nínive, não para condenar, mas para salvar. O texto diz que parecia ser um decreto de morte para toda a população de Nínive, mas Jonas sabia que estava levando a salvação. Deus queria trazer luz para pessoas na escuridão.

“O texto diz que parecia ser um decreto de morte para toda a população de Nínive, mas Jonas sabia que estava levando a salvação. Deus queria trazer luz para pessoas na escuridão.”

Vamos olhar para um contraste: Sodoma e Gomorra. Deus não enviou ninguém lá; essas cidades foram destruídas por causa da maldade. Agora, Nínive, mesmo com todos os seus problemas, Deus enviou Jonas não para condenar, mas para salvar.

Daqui, podemos tirar algumas conclusões: Se há pessoas pregando em algum lugar, Deus ama as pessoas daquele lugar e quer salvá-las, não destruí-las. Se alguém está compartilhando a mensagem de Deus com outra pessoa, Deus deseja salvá-la, não prejudicá-la. Deus traz luz para as situações escuras. E mesmo as pessoas mais afundadas no pecado e na escuridão, Deus ainda pode desejar salvá-las.

Às vezes, precisamos olhar além das palavras para entender a mensagem verdadeira. Quando Deus envia um profeta para pregar o arrependimento, está apontando o caminho para a salvação. O ato de se arrepender é um caminho que nos leva a Deus.

Quando alguém é escolhido para compartilhar a palavra de Deus com outra pessoa, isso é um sinal de que Deus a ama e deseja salvá-la. O livro de Jonas não trata da ira de Deus contra uma cidade, mas da misericórdia de Deus para com um povo que não merecia Seu amor. O ato de se arrepender nos conduz a Deus.

Todo arrependimento é um caminho para Deus.

Quais eram os defeitos de Jonas? Ele nutria ódio por Nínive e guardava ressentimento em relação ao seu povo. Esse sentimento negativo superava seu amor por Deus. O que deveria ter acontecido era Jonas abraçar a mensagem de Deus, mas, infelizmente, ele permitiu que esses sentimentos ruins tomassem conta dele. Isso acabou atrapalhando a propagação da mensagem de Deus.

Precisamos entender que Deus deseja salvar a todos, inclusive aqueles que nós talvez não gostemos ou que nos tenham ferido. Ele quer levar o arrependimento a todos. Portanto, devemos encher nossos corações de perdão, porque perdoar é esquecer. Não significa necessariamente se tornar amigo, mas sim esquecer para que o verdadeiro amor de Deus possa entrar naquelas pessoas e transformá-las. Perdoar é esquecer. Jonas não conseguiu fazer isso e, como resultado, afastou-se de Deus devido aos seus ressentimentos. Se cada ato de arrependimento é um caminho para Deus, então a falta de perdão é um afastamento de Deus.

Todos nós temos um pouco de Jonas em nós. Às vezes, pensamos em evitar nossas responsabilidades para com Deus e preferimos pregar para quem não precisa, em vez de focar em quem realmente precisa. No entanto, é importante lembrar que Deus está em toda parte. Se clamarmos a Ele, Deus terá misericórdia de nós. Jonas foi finalmente expulso do ventre do grande peixe. No capítulo 3, ele prega em Nínive, e toda a cidade se arrepende, inclusive o rei e o povo. O que Jonas temia aconteceu: Deus perdoou aquele povo.

Jonas ficou furioso, mas o que realmente importa são os diálogos que encontramos no texto.

Jonas Nínive
Jonas Nínive

Ele orou ao Senhor: “Senhor, não foi isso que eu disse quando ainda estava em casa? Foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és Deus misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que promete castigar mas depois se arrepende. Jonas 4:2

Quando vemos bares cheios de pessoas, muitas vezes nosso desejo é fechar o bar e acabar com tudo isso. No entanto, se as pessoas não forem transformadas, o bar fecha e outro abre. O problema não está no bar, mas sim nas pessoas que estão aprisionadas pelo vício, vivendo em sofrimento sem consciência do que estão fazendo de errado.

Se pregarmos a mensagem e elas se arrependerem, poderão começar um caminho em direção ao conhecimento de Deus.

Timothy Keller disse algo profundo: nós somos piores do que imaginamos, mas também somos mais amados do que podemos sonhar.

Contudo, Nínive tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem distinguir a mão direita da esquerda, além de muitos rebanhos. Não deveria eu ter pena dessa grande cidade? Jonas 4:11

Às vezes, quando olhamos para nós mesmos, tendemos a minimizar nossos defeitos. Mas quando olhamos para os outros, exageramos em seus erros. Queremos misericórdia de Deus para nós, mas julgamos os outros.

Deus tem compaixão das pessoas ignorantes, Ele entende que muitas vezes agimos por falta de conhecimento. E quantas vidas podem ser transformadas por causa disso?

Pr Moisés Nogueira