Parábola dos Talentos e Negócios: As Regras do Jogo.

O primeiro entendimento que tenho sobre esse texto é: aprenda a jogar o jogo. O chefe, o patrão ou Deus ditaram regras que devem ser seguidas. É um jogo.

A vida pode ser encarada como um jogo. Lembro do meu filho, que participava de um campeonato de futebol sub-9. Eu o acompanhava em cada partida e achava extremamente interessante. Não entendo nada de futebol, mas gostava de vê-lo jogando.

Até que um dia fomos jogar contra um time adversário. Estávamos empolgados, meu filho iria fazer muitos gols, e íamos ganhar o campeonato. Quando chegamos à quadra, vi o time adversário. Enquanto o time do meu filho brincava com a bola no aquecimento, o outro time fazia jogadas ensaiadas.

O técnico deles tinha uma prancheta com marcações e eles praticavam jogadas a gol. Fiquei impressionado, porque nunca tinha visto isso. Até então, as partidas eram mais recreativas, uma brincadeira. E dito e feito, foi um massacre: 9×1.

O resultado final foi tão humilhante que pedimos para encerrar o jogo. Quando acabou, expliquei ao meu filho que eles ganharam porque foram realmente os melhores. Com certeza, eles treinaram mais e levaram o jogo mais a sério.

A única maneira de meu filho conseguir uma vitória com seu time, contra aquele time, seria treinar mais e se capacitar. Eles venceram seguindo as regras do jogo.

Na vida, temos regras.

Na vida, temos regras. Não podemos burlá-las. Algumas pessoas tentam achar atalhos para vencer, mas não existem atalhos. A regra é seguir o jogo. É preciso entender o mais rápido possível como funciona o jogo da vida, quais são as regras de crescimento, e crescer dessa maneira. Em uma empresa, não é diferente.

Existem regras que devem ser seguidas. Você não vai conseguir vencer burlando as regras ou falando mal das pessoas. Recentemente, um amigo meu começou um novo emprego e disse: “Fui eleito o porta-voz dos funcionários para levar as reivindicações ao chefe.”

Eu respondi: “Você está louco? Quer ser demitido? Você acabou de entrar! A primeira coisa que deve fazer é um bom trabalho. Destaque-se, e você vai crescer. Fale pouco, reclame pouco e trabalhe muito.”

Pessoas que reclamam muito e trabalham pouco certamente serão demitidas. Mas aqueles que trabalham muito e se destacam raramente são mandados embora, porque se tornam indispensáveis. É assim que você aprende a jogar o jogo.

No texto, o primeiro personagem entendeu as regras e saiu correndo porque queria ganhar. Ele tinha um perfil competitivo e queria se destacar. Entendeu a regra: pegar aquele dinheiro e multiplicar. Então, ele foi focado e não fez outra coisa.

Enquanto o terceiro apenas guardou o que recebeu e foi fazer outras atividades que gostava mais, o primeiro e o segundo entenderam as regras do jogo e correram atrás do que era necessário para se destacar. E na empresa não é diferente.

O que eu preciso entender primeiro? A cultura da empresa e o que é valorizado nela. É o empenho? A comunicação? A dedicação em fazer mais? São os números e as metas? Preciso entender as regras do jogo. Em uma equipe, você consegue ver a diferença: três pessoas na mesma equipe, com desempenhos diferentes, porque o primeiro se empenhou em entender o jogo e jogá-lo.

O segundo também foi bom, mas o terceiro não entendeu e criou regras na cabeça que não foram ditas, reclamando de como o patrão era exigente e como não poderia fazer as coisas de determinada forma. Nada disso foi dito; era apenas coisa da cabeça dele.

Como crescer na hierarquia de uma empresa?

O primeiro se empenhou, e, com certeza, quem se empenha mais, consegue mais. Existe um escritor chamado Ram Charan que diz algo muito importante para entender: como crescemos na hierarquia de uma empresa? Você começa como operário, no chão da fábrica, como se diz. Você trabalha tão bem, mas tão bem, que consegue fazer seu trabalho bem feito e ainda ajuda os outros.

Nesse momento, você se torna um supervisor, porque já supervisiona a equipe. Depois, como supervisor, você desempenha seu trabalho tão bem que ajuda os outros supervisores. Então, você se torna um gerente e continua crescendo.

Chega o ponto em que você trabalha tão bem como gerente que faz seu trabalho de gerência bem feito e ajuda os outros gerentes. Assim, você se torna um diretor. Ou seja, crescemos e alcançamos novos patamares quando já somos aquilo que o cargo exige.

É comum ver pessoas que não conseguem fazer um trabalho bem feito, mas desejam o cargo. Almejam ser supervisores, mas nunca conseguem desempenhar bem suas funções atuais.

Existe um escritor chamado Antônio Jesus Limão Ervilha que descreve quatro etapas ao assumir um novo cargo em uma empresa. A primeira coisa a fazer é não reclamar. Não dar observações, nem ideias, mas observar. O primeiro trabalho é observar como as coisas funcionam. Observar e aprender com quem já trabalha lá.

A segunda etapa é observar enquanto a outra pessoa faz. Aprender com a pessoa mais experiente. Não se trata de concordar ou discordar, mas de aprender a fazer o trabalho.

Na terceira etapa, eu faço e a pessoa mais experiente observa. Ela nota que eu faço exatamente como me ensinou.

Excelente, você é um bom funcionário. E a quarta etapa é quando você já consegue fazer seu trabalho bem feito e pode começar a trazer novas ideias. Essas ideias são aceitas porque você respeitou toda a equipe, o processo e a pessoa que o treinou.

Você conseguiu se conectar com sua equipe. Isso é muito importante, pois trazer ideias para uma equipe que você não respeitou é um grande problema. Você não será aceito.

O que preciso entender é que serei aceito na medida em que aceitar os outros. Serei ouvido na medida em que escutar os outros. É a regra do jogo.

Eu entendi a regra do jogo.

Eu entendi a regra do jogo. Primeiro, tenho que aprender com os demais e respeitá-los. Existem pessoas com mais experiência que podem estar fazendo um bom trabalho ou não, mas logo você descobrirá.

No momento em que respeito minha equipe, eles me respeitarão. Não devo chegar mostrando minhas capacidades superiores, mas absorver o processo, pois tudo o que está sendo feito tem um porquê. Talvez não seja a melhor forma, mas está sendo feito.

Ninguém espera que você chegue quebrando as regras. Primeiro, respeite as regras, o convívio e as pessoas mais experientes. Quando você ganhar a equipe, sendo bem visto por todos, poderá implantar novas ideias.

Mas se você não for capaz de entender o grupo, o grupo não o entenderá. Lembro-me de um curso de design que fiz uma vez. Depois, fui a um congresso onde alguns palestrantes estavam sentados, e uma garota que fez o mesmo curso que eu se levantou e disse: “Fiz o design thinking, achei interessante, mas quando levei para minha empresa, ninguém, ninguém me deu atenção.”

Estomago do tamanho de uma lagoa.

Lembro-me que um dos palestrantes se levantou e disse: “A primeira coisa, isso não é para os fracos. Implantar uma mudança não é para qualquer um. Gerar uma transformação em um ambiente não é para qualquer um.”

“Você precisa ter um estômago grande, do tamanho de uma lagoa, para engolir muitos sapos. Quem quer trazer novidade, inovação e transformação precisa engolir muitos sapos.” Ele estava falando das regras do jogo, e isso é normal. Para trazer algo novo, você precisa ser capaz de suportar a oposição.

É a regra do jogo. Mudar um ambiente é muito difícil. Você precisa entender essas regras e não desistir quando as pessoas não o apoiam.

Entenda como o trabalho é feito e comece a trabalhar em prol da mudança. É assim que funciona. Esse texto tem essa riqueza: três pessoas com comportamentos diferentes, sendo que o primeiro teve o melhor resultado porque entendeu a regra do jogo.

Moisés Nogueira de Faria – @moisesnogueiraoficial

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