“Ele entendeu que o problema era ele.” Foi assim que o consultor de empresas me contou como conseguiu avançar em seu trabalho em uma organização. Os problemas recorrentes, a equipe desmotivada, as críticas generalizadas que até então ele não conseguia compreender, agora, como se escamas tivessem caído de seus olhos, ele percebeu que a causa de tudo era ele mesmo.
Isso me fez lembrar das minhas visitas às comunidades terapêuticas, onde sentava e observava homens chorando diante de mim. Em abstinência, após reuniões duras e contínuas, eles finalmente conseguiam entender os danos que haviam causado às suas famílias. As drogas anestesiam os sentimentos, e eles são capazes de cometer todo tipo de agressão contra as pessoas que os amam, apenas para sustentar seus vícios. Um dos sintomas do vício é o egocentrismo. Mas agora, ao participarem de rodas de conversa, eles começam a dar alguns passos em direção à maturidade, percebendo que o problema era eles mesmos.
Isso nos remete à frase de Jesus: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” A verdade (Jesus), manifestada em forma de conhecimento, tem o poder de nos libertar das trevas (ignorância). Vivemos imersos na ignorância, que nos cega e nos impede de nos libertarmos das cadeias internas que nos aprisionam em problemas. Colocamos a culpa nos outros, mas não conseguimos entender que, muitas vezes, o verdadeiro problema somos nós mesmos. A verdade precisa nos libertar, e uma dessas liberdades é a capacidade de perceber que, em muitas situações, somos a causa principal dos nossos desafios.
A grande vitória acontece quando nos rendemos.
A grande vitória acontece quando nos rendemos. Quando reconhecemos nossas limitações, que tantas vezes geram problemas, percebemos que estamos exatamente onde nossas incapacidades de mudança nos deixaram. O conhecimento é libertador porque nos permite ver aquilo que antes não conseguíamos entender.
Na sabedoria judaica, existem quatro estágios: “Eu não sei o quanto eu não sei”, “Eu sei o quanto eu não sei”, “Eu sei o quanto eu sei” e “Eu não sei o quanto eu não sei”. Acredito que a maioria das pessoas vive no primeiro estágio, sem conseguir perceber o quanto realmente não sabe, e por isso vivem dando respostas como se soubessem. Quem não conhece pessoas que, mesmo no fundo do poço, têm uma resposta para tudo, especialmente para questões que ninguém perguntou? O que essas pessoas mais precisam é parar de tentar responder o que acham que sabem e começar a reconhecer que seu conhecimento não é suficiente nem para si mesmas.
A pregadora Kathryn Kuhlman mencionava em seus livros e sermões que o ponto mais alto que um ser humano pode alcançar é a rendição. Levantar as mãos em sinal de entrega e reconhecer suas incapacidades e limitações seria o ápice da vida de uma pessoa. A rendição abre espaço para o favor de Deus.
Reconhecer nossas limitações
Reconhecer nossas limitações abre espaço para a reeducação e transformação. Mesmo que sejamos o problema, se nos empenharmos, podemos ser também a solução. Somos capazes de aprender com nossos erros e aceitar a mudança, o que nos levará a uma situação superior à atual. A ideia não é revisitar os erros do passado ou lamentar os resultados presentes, mas sim evitar que eles se repitam, buscando alcançar melhores resultados no futuro.
Não há nada de errado em admitir que estamos errados, assim como não é necessário aceitar críticas construtivas de quem nunca construiu nada. O importante é buscar novos conhecimentos que abram portas em nossa mente e nos permitam perceber o quanto não sabemos sobre o que precisamos saber.
Moisés Nogueira de Faria – @moisesnogueiraoficial