Trajetória Profissional: Começo Correto

Trajetória Profissional: Começo Correto, trecho do livro Meu Minset Cristão Empreendedor Descomplicado.

Existem dois grandes erros no início de uma trajetória: achar que sabe tudo e querer começar por cima. Se alguém chamasse você para trabalhar com energia nuclear, acredito que decerto recusaria, pois não tem a menor noção sobre isso. O seu cérebro logo acusa a sua ignorância no assunto. Energia nuclear é um assunto restrito, com poucas informações ao alcance de todos, e mesmo que você as tivesse, necessitaria de muito estudo e conhecimento técnico. Agora, se fosse chamado para trabalhar com informática, logo se acharia qualificado para tal função. Por ser um assunto mais comum, seu cérebro logo o informaria de que já tem tudo o que é necessário. Mas na verdade não tem. O caminho certo para chegar lá é buscar aprender o máximo possível sobre a função antes de tentar exercê-la à sua maneira. Primeiro se respeita o conhecimento atual e depois se tenta fazer melhorias. É necessário primeiramente entender a cultura e os porquês das coisas e somente depois dar os seus palpites sobre determinados assuntos. Diferentemente da energia nuclear, alguns conhecimentos são mais facilmente disseminados e isso faz você achar que sabe mais do que alguém que trabalha há dez anos naquela função (pode até saber), mas a falta de respeito pelos colegas causaria um empecilho em seu crescimento. Primeiro aprenda, depois insira novos conhecimentos. Primeiro respeite, depois será respeitado.

Existem quatro fases do aprendizado em uma empresa: primeiro, o treinador faz e o novo funcionário olha; segundo, o treinador faz e o novo funcionário faz; terceiro, o funcionário faz e o treinador supervisiona; por último, o funcionário faz sozinho. Só após esse período é que serão bem aceitas as sugestões, pois você já entendeu como funciona o seu trabalho e assim poderá evoluir em cima da estrutura montada. Sei que muitas vezes o que é visto em empresas são estruturas arcaicas que precisam urgentemente de inovações, mas os questionamentos podem ser malvistos por todos. Primeiro se criam relacionamentos, depois se critica.

Já entrevistei milhares de pessoas. Algumas, no início de carreira, esperam assumir cargos de liderança sem passar por funções operacionais. Segundo a lógica de Ram Charam, essa pessoa terá muita dificuldade para supervisionar um trabalho que nunca desempenhou. A prática é melhor que a teoria. Não basta ter feito um curso sobre o assunto, melhor é ter exercido a função. Começar por cima impede você de conhecer mais sobre o cliente do ponto de vista operacional. É onde se tem maior contato com ele. O caixa do supermercado tem contato diário com os clientes, o analista de suporte sabe as necessidades do cliente, o corretor de imóveis sabe o tipo de moradia que a maioria das pessoas está procurando. É uma pesquisa informal qualificada, ou seja, a pessoa está diante dos clientes e, caso esteja atenta, aprenderá muito sobre eles. É uma fase da carreira que não voltará mais.

É necessário primeiramente aprender sobre os gostos e atitudes do cliente, o modo como funciona o trabalho e os problemas que existem na base da pirâmide. Essas informações não estão nas aulas da faculdade, mas no dia a dia operacional. Começar bem lhe garante obter as informações certas.

Passei anos trabalhando como técnico de suporte em minha empresa. Eu era o programador, vendia o produto e dava suporte sobre o produto. Ao vender e dar suporte aos clientes, sabia exatamente os problemas do produto e as preferências do meu público, e assim desenvolvia soluções que iam ao encontro das suas necessidades. Após anos desempenhando essa, aprendi o gosto deles e sua maneira de trabalhar, e hoje posso ensinar aos meus gerentes a maneira certa de fazer, o mesmo fazendo eles com suas equipes.

Mais importante que ocupar um grande cargo é saber o que fazer quando estiver lá. A trajetória para o sucesso depende da sua capacidade de ser um bom observador, sempre “ligado” no que está acontecendo ao seu redor: as novidades, problemas, sugestões e conversas sobre os processos. É ser uma esponja se enchendo de todo o conhecimento. Não basta ter ideias, elas devem estar respaldadas nas necessidades do dia a dia, ou seja, a solução vai ao encontro do que se ouviu um dia. Essas ideias só surgem fazendo-se o trabalho e conhecendo-se o assunto.

Muitos sonham em ocupar um grande cargo e ser um líder no seu trabalho, mas você só exercerá bem a função se tiver conteúdo e vivência na área. Ter várias ideias desvinculadas, aprendidas em cursos, sem uma aplicação prática ao contexto, só fará a pessoa se animar e perder o seu tempo. Essa vivência pode demandar anos, por isso não se precisa de muita pressa, mas de perseverança e aprendizado para se tornar um grande profissional. Depois disso virá o reconhecimento.

“Muitos sonham em ocupar um grande cargo e ser um líder no seu trabalho, mas você só exercerá bem a função se tiver conteúdo e vivência na área.”

No livro O segredo judaico para resolução de problemas explica as quatro etapas do conhecimento humano: não sei o quanto não sei; sei o quanto não sei; sei o quanto sei; não sei o quanto sei. Primeiro vem a etapa da ignorância, depois a do aprendizado e por último a da sabedoria. Para exemplificar melhor: sua nova função é a de gestor de marketing digital. Você nem imagina o quanto de informação existe sobre o assunto, acredita que é somente postar mensagens em redes sociais e anúncios nos buscadores de internet (você não sabe o quanto não sabe). Um dia decide ir a um evento de marketing para saber as novidades, lá descobre que é muito maior (você sabe o quanto não sabe). Então começa a estudar e aprender sobre o assunto (agora sabe o quanto sabe). Depois de anos estudando, aprendendo e principalmente fazendo, já é capaz de criar conceitos e campanhas facilmente (não sabe o quanto sabe). É nessa etapa que as pessoas reconhecem você pelo seu conhecimento e o procuram para tirar dúvidas. Volta e meia escutará alguém falando a seu respeito: “Fale com ele, se ele não resolver, ninguém mais resolve” ou “Só ele sabe”.

Ninguém é capaz de saber tudo, mas é possível saber muito sobre determinado assunto.

Ninguém é capaz de saber tudo, mas é possível saber muito sobre determinado assunto. Tornar-se um especialista e referência sobre o assunto. Antigamente existia medicina, e o médico tinha que aprender sobretudo, depois se criaram as especialidades, então cada um pode estudar sobre uma parte do corpo ou enfermidade. Dentro disso, criou novas especificações, assim ramificando o conhecimento, e ainda hoje, novas ramificações surgem. Dificilmente alguém será o melhor em todas as áreas, mas em certa especialidade sim. Esse processo não ocorreu somente em medicina; ocorreu em todos os tipos de serviço e produtos. Antigamente só existia um tipo de iogurte; hoje em dia, prateleiras de vários metros ocupam os mercados com toda sorte de iogurte.

Devemos procurar aprender mais e mais, e aprender sobre o nicho em que estamos inseridos. Só assim faremos a diferença e acrescentaremos conhecimento válido. Desse conhecimento específico pouco se aprenderá na faculdade. Só se pode aprendê-lo no dia a dia, juntamente com os colegas de profissão. Assim será construída uma carreira de sucesso. Existem as exceções, mas essa é a regra para a grande maioria. Sorte é ter oportunidades certas e aproveita-las.

Moisés Nogueira de Faria
@moisesnogueiraoficial

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